Em busca do sonho olímpico
Estreantes em olimpíadas, Nivalter Santos e Poliana de Paula, são frutos da nova geração da canoagem brasileira e têm a oportunidade de mostrarem na China seus talentos
No próximo dia oito o mundo inteiro voltará
suas atenções para Pequim, na China, onde
começará a maior edição dos Jogos Olímpicos
da história. Entre os milhares de atletas das
mais variadas regiões do globo estarão os
dois canoístas brasileiros que representarão
as cores verdes e amarelas na briga pela
sonhada medalha olímpica.
Estreantes em olimpíadas, Nivalter Santos
(21) e Poliana de Paula (18), são frutos da
nova geração da canoagem brasileira e têm a
oportunidade de mostrarem na China que o
trabalho de reformulação da modalidade está
em franco crescimento no Brasil.
“Com a participação nas Olimpíadas de
Pequim nós encerramos mais um ciclo
olímpico na história de canoagem brasileira.
Este evento será um marco divisório na nossa
modalidade, pois baliza a entrada da nova
geração de canoístas brasileiros que começa
a despontar internacionalmente e busca sua
afirmação nos eventos de grande porte”,
explicou o presidente da Confederação
Brasileira de Canoagem, João Tomasini Schwertner.
Apesar de serem estreantes em olimpíadas e praticarem um esporte que possui amplo
domínio de atletas europeus, a classificação de Nivalter e Poliana para as Olimpíadas de
Pequim 2008 foi conquistada com muita dificuldade.
A evolução de Nivalter Santos
A história do jovem canoísta é o exemplo que de o incentivo de esporte e educação em área carentes no Brasil pode dar muitas alegrias ao nosso país
A vaga de Nivalter Santos foi conquistada, em abril deste ano, no Pan-americano de Canoagem Velocidade, também válido como classificatório continental da modalidade, realizado em Montreal, no Canadá.
Na ocasião estavam em disputa as últimas vagas da
modalidade e o brasileiro a conquistou no critério técnico.
“As pessoas precisam sonhar e esta vaga que conseguimos é prova disto”, disse emocionado Pedro Sena, técnico de Nivalter Santos, logo após o canoísta brasileiro se classificar para as Olimpíadas de Pequim.
Saído do projeto social Navega São Paulo, realizado na Baixada Santista, no litoral paulista, entre a Confederação Brasileira de Canoagem, o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura Municipal de São Vicente, a história de Nivalter Santos dentro da canoagem é o exemplo que de o incentivo de esporte e educação em área carentes no Brasil pode dar muitas alegrias ao nosso país.
A vaga olímpica de Nivalter aconteceu em um critério técnico, pois apenas o vencedor da prova do C1 500m na classificatória continental americana se classificaria para Pequim, prova esta vencida pelo cubano Aldo Pruna.
Como o Canadá venceu as provas do C2 1000m e C2 500m, e os canadenses apenas poderiam se classificar no C2 500m a vaga iria para o segundo lugar da prova do C2 1000m.
Resultado: a vaga iria para o mexicano Everardo Cristobal, segundo colocado desta prova (C2 1000m), mas o México já havia se classificado no Campeonato Mundial ano passado em duisburg, na Alemanha.
Com isso a vaga do mexicano Everardo Cristobal foi para o segundo lugar do C1 500m, justamente a posição que Nivalter havia conquistado.
“O Nivalter dominou praticamente toda a prova do C1 500m e perdeu apenas nos metros finais para o cubano Aldo Pruna, mostrando que o nível do Nivalter é um dos melhores do mundo. Agora, vamos treinar ainda mais, adquirir mais experiência em competições internacionais”, completou Pedro Sena.
Nivalter em ritmo forte para Pequim
Os resultados que o jovem canoísta brasileiro Nivalter Santos obteve em pouco mais de três anos mostram que a evolução da canoa está no rumo certo para o sucesso da canoagem brasileira.
Entre seus mais recentes resultados estão: a oitava colocação na Final A do C1 500m, válido pela segunda etapa da Copa do Mundo de Canoagem Velocidade, realizado mês passado, em Duisburg, na Alemanha; além de mais dois quintos-lugares na etapa terceira da Copa do Mundo de Canoagem, realizada em Puznan, na Polônia.
“O Nivalter está evoluindo muito. A cada dia que passa nós corrigimos a técnica e diminuímos ainda mais o tempo. Acredito que estaremos bem preparados para Pequim e talvez até mesmo podemos almejar chegar à uma final na China, pois estamos remando lado a lado contra os melhores do mundo”, comemorou Pedro Sena.
O presidente da Confederação Brasileira de Canoagem, João Tomasini Schwertner, também comemora as constantes conquistas de Nivalter. “Estes resultados são frutos de todo o investimento que promovemos nele. Ele é apenas um garoto ainda, mas mostra muita maturidade em eventos de alto nível como nas etapas da Copa do Mundo”, disse Tomasini.
“Depois de muito esforço e treinamento eu não
tinha mais esperanças”
Poliana de Paula soube da desistência de uma canoísta argeliana para Pequim, herdou a vaga olímpica da Argélia e já está na China se preparando
A jovem canoísta Poliana de
Paula não acreditou quando
recebeu a notícia que estava
classificada para os Jogos
Olímpicos de Pequim. A
notícia chegou até ela na
manhã do último dia 19
quando soube da desistência
de uma canoísta argeliana
para as olimpíadas, assim
Poliana herdou a vaga
olímpica da Argélia e já está
na China se preparando.
“Depois de muito esforço e
treinamento eu não tinha
mais esperanças. Mas quando recebi a notícia que estava classificada eu fiquei extasiada. Estou realizando o sonho de qualquer atleta que é participar de uma olimpíada”,comemorou a jovem canoísta de 18 anos de idade e quatro de canoagem.
A vaga veio para o Brasil devido à desistência da atleta argeliana Sarah Sonia Dupire, que por problemas particulares, decidiu não competir em Pequim.
Com esta decisão a vaga iria conseqüentemente para o segundo colocado da Classificatória Africana da Canoagem Slalom - no caso o Kenia - mas como o Kenia também decidiu não ir à China, a vaga foi remanejada, segundo normas da Federação Internacional de Canoagem, para o atleta com o melhor índice do continente americano.
Poliana, que havia chego na segunda colocação do K1 feminino na Classificatória Americana da Canoagem Slalom, realizada em abril, na cidade de Charlotte, nos Estados Unidos, ficou com a vaga da argeliana Sarah Sonia Dupire e conquistou, por índice técnico, o direito de ir à Pequim.
Canal Itaipu é referência na evolução
Há pouco mais de três anos a canoagem brasileira
comemorava uma grande conquista: a construção da pista artificial Canal Itaipu, localizada nas dependências da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Ano passado o Canal Itaipu recebeu o Campeonato Mundial de Canoagem Slalom, que definiu 60% das vagas para as Olimpíadas de Pequim, e serviu como teste definitivo da pista artificial brasileira, única da América Latina e considerada uma das melhores do mundo. “A pista é excelente e será importantíssima para a evolução dos atletas brasileiros que a cada ano estão melhores”, disse na ocasião o francês bicampeão olímpico Tony Estanguet, que garantiu sua vaga olímpica em Foz do Iguaçu.
Para Poliana de Paula a construção do Canal Itaipu e os constantes treinamentos e eventos que são realizados no local foi de suma importância para ela adquirir mais experiência e aprimorar sua técnica. “Depois da construção da pista eu evolui muito na canoagem, pois ela sem ela não conseguiria melhores meus tempos e provavelmente ficaria fora de Pequim”, exaltou a atleta.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Canoagem, João Tomasini Schwertner, o crescimento e as parcerias que a Canoagem Slalom está tendo nos últimos anos foram essenciais para o país estar em constante evolução.
“Todos nós estamos muito contentes com a notícia, mas essa conquista é resultados de muito esforço coletivo, por meio das parcerias com a Petrobrás, Comitê Olímpico Brasileiro, Itaipu Binacional e Ministério do Esporte, que acreditaram no nosso potencial e estiveram presentes nos apoiando”, disse Tomasini.
Disputa da Canoagem será no Shunyi Rowing-Canoeing Park
As provas de Canoagem Slalom e
Canoagem Velocidade nas Olimpíadas de Pequim serão realizadas em um
local construído especialmente para
os Jogos Olímpicos: Shunyi Olympic
Rowing-Canoeing Park, que abrigará
as modalidades de canoagem e remo.
O Shunyi Rowing-Canoeing Park já
havia recebido, pelo motive de teste
da pista, o Campeonato Mundial
Junior de Remo. Durante os Jogos
Olímpicos de Pequim serão entregues
no lugar 32 medalhas de ouro para as
modalidades de Canoagem
Velocidade, Canoagem Slalom, Remo e as provas de Maratona na natação.
A construção do centro náutico começou durante a primeira metade do ano de 2005. Com uma área de 31.850 metros quadrados, é o centro construído com maior área de todas as obras que forem feitas pelo governo chinês para sediar os Jogos Olímpicos 2008.
As provas de Canoagem Velocidade e Canoagem Slalom serão realizadas no local do dia 11 ao dia 23 de agosto. Na Canoagem Velocidade serão 246 atletas, sendo 172 homens e 74 mulheres, na disputa pelas medalhas. Já na Canoagem Slalom são 82 canoístas, divididos em 61 homens e 21 mulheres.
HISTÓRICO OLÍMPICO
Canoagem Velocidade
Em 1924 a Canoagem foi apresentada como programa olímpico de demonstração desportiva. A Canoagem tornou-se um esporte definitivo em 1936 tanto para eventos de canoa como de caiaque.
As mulheres começaram na canoagem olímpica, competindo somente em caiaques, em 1948.
A Canoagem é muito popular na Europa, que domina totalmente o esporte nos Jogos Olímpicos e na concorrência internacional. Mais de 90% de todas as medalhas olímpicas de canoagem foram ganhas por nações européias.
A tendência nos últimos anos tem sido no sentido de corridas mais curtas. Inicialmente, os campeonatos mundiais foram disputados nas distâncias de 1000 e 10000 metros para homens e 5000 metros para as mulheres. No entanto, a maior distância foi interrompida após os Jogos Olímpicos 1956 e o Campeonato Mundial de 1993.
Os Campeonatos Mundiais são agora disputados nas distâncias de 200, 500, e 1000 metros, enquanto que eventos olímpicos são realizados nos 500 e 1000 metros. Os eventos são detidos para homens com uma, duas ou quatro remadores de canoa ou caiaque.
As mulheres competem apenas em caiaque tanto nas Olimpíadas como em eventos Internacionais, em individuais, duplos, e quartetos.
Fonte: The Official Website of the Beijing 2008 Olympic Games
Canoagem Slalom
A Canoagem Slalom foi realizada pela primeira nas Olimpíadas de 1972, em Munique. A modalidade não foi disputada nas Olimpíadas, entre 1976 e 1988, mas retornou ao programa olímpico em 1992. A Canoagem Slalom tem sido disputada desde então, com eventos em 1996 e 2000. Durante os Jogos Olímpicos e os campeonatos mundiais, os canoístas competem em quatro eventos, três masculinos e um feminino.
Homens competem na canoa simples (C1) e dupla (C2) e no caiaque simples(K1), enquanto as
mulheres competem apenas no caiaque simples (K1).
Durante os campeonatos mundiais, os canoístas também concorrem ao título por equipes. Os eventos têm sido dominados pelos europeus. Existem numerosos sistemas de classificação, mas na América do Norte, as corredeiras são classificadas de Classe I para a classe VI (o mais difícil). Enquanto atletas de Canoagem Velocidade devem remar continuamente em linha reta, os atletas da Canoagem Slalom são impelidos pela corrente da água. Eles devem desenvolver a capacidade de abrandar, parar, e virar obstáculos e portões das provas.
Fonte: The Official Website of the Beijing 2008 Olympic Games
Aloha Brasil e Boa Sorte!!!