segunda-feira, 4 de maio de 2009

Uma aventura em amor à canoagem

Expedição de Canoagem Santarém-Belém completa segundo ano com mais apoio, novas iniciativas e com mais sucesso
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A 2ª Expedição de Canoagem Santarém-Belém terminou no dia 26 de abril, na capital do Pará, com muito mais sucesso que a edição anterior. Este ano a expedição composta por sete canoístas, além de percorrer mil quilômetros pelas belezas do rio Amazonas e seus afluentes, também levou cultura e educação pelos pequenos municípios e comunidades ribeirinhas de difícil acesso e localizadas na maior bacia hidrográfica do mundo.
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Conforme reportaram muitos jornais, este ano o Rio Amazonas teve uma das suas maiores cheias da história, desabrigando mais de três mil pessoas em 100 comunidades ribeirinhas da região. Tudo isso foi um obstáculo a mais para a expedição composta por Evaldo Malato (presidente da Federação de Canoagem do Pará), Humberto Campos (canoísta de 72 anos do Rio de Janeiro), José Aguimarino (atleta para-olímpico), Ivaldo Rostand (guia da expedição), além dos atletas Jaime Godinho, Patrick Faria e Wilson Faria.
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Remamos mil quilômetros durante catorze dias. Remávamos quatro horas pela manhã e quatro pela tarde, totalizando cerca de 80 quilômetros diários. Contudo, a cheia do rio nos atrapalhou bastante, pois as fortes marolas e a velocidade da água eram realmente fora do comum”, contou Evaldo Malato.
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Mesmo assim a equipe conseguiu distribuir 15 mil livros doados pela Ação da Cidadania do Pará para os pequenos municípios e comunidades ribeirinhas que só podem ser atingidas de barco. Além dos donativos levados, a expedição também dava aulas de transformação de garrafas plásticas em coletes salva vidas. “Assim, nós também levamos educação e aprendizagem para estas pessoas isoladas dos principais centros urbanos da região”, contou Malato.
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A aventura começou no dia 12 de abril em Santarém, passou por onze cidades (Veja o BOX) e inúmeras pequenas comunidades e acabou no dia 26 em Belém. “Ano passado ninguém acreditava que iríamos conseguir terminar o trajeto. Mas nossa equipe, mesmo sem recursos e dormindo em acampamentos onde fosse possível, conseguiu com muito custo terminar a expedição. Neste ano contamos com o apoio de uma embarcação que nos acompanhou durante toda a viagem. Ela foi a responsável por levar os donativos (livros e kits escolares) e servia de dormitório para os canoístas durante a noite”, explicou.
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A chegada em Belém teve a recepção do Secretário Municipal do Meio Ambiente, José Carlos Lima da Costa, do Secretário de Esporte e Lazer, Alberto Leão e pelo deputado Rob Gol, representando a Assembléia Legislativa da cidade, demonstrando que o apoio para a expedição deste ano foi muito maior. Durante o trajeto a expedição passou por onze cidades e muitas prefeituras abraçaram a iniciativa dos canoístas comprometendo-se a apoiarem a expedição do ano que vem.
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“É muito gratificante remar por essas belezas naturais do nosso país e poder abraçar nossos irmãos ribeirinhos, que também são canoístas e necessitam de nosso carinho e atenção”, disse Humberto Campos, canoísta de 72 anos empolgado e emocionado com sua inédita aventura.
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Para o próximo ano já estão agendadas reuniões com as secretarias dos municípios da região para conseguir mais apoio e tornar a expedição muito maior. “Ano que vem queremos levar também médicos e dentistas para atender aos ribeirinhos. Contudo, nossa missão de alavancar a prática da canoagem no estado, aliando-a aos compromissos sociais e ambientais, é a maior recompensa que podemos receber”, disse Evaldo Malato.
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Box
Veja os comentários e as cidades por onde passaram nossos aventureiros (Evaldo Malato)
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MONTE DOURADO:
Lá existe um vale de enormes pedras de todos os tipos, esculpidas em tamanhos gigantescos. A região também é repleta de muitas cachoeiras, o que torna esta cidade um encanto turístico. Fica a 120 km de Santarém e levamos dois dias para chegar a esta cidade. Na noite anterior pernoitamos na comunidade de Santa Rita.

PRAINHA:
- Esta cidade fica próxima a Monte Dourado e também é uma cidade em alto relevo e cheia de belíssimas cachoeiras. De Monte Alegre até Prainha remamos cerca de seis horas com pequenas paradas para lanches e hidratação.


ALMERIM:
Cidade exuberante há muito tempo habitada pelas civilizações indígenas e marcada pelos traços característicos de seus habitantes, onde a pesca do Pirarucu foi um de seus grandes marcos de sustentabilidades. Saindo de Prainha para chegar a Almerim levamos dois dias. Para percorrer o forte rio Amazonas e podermos desfrutar de beleza exóticas do local entramos por um local denominado de Chicaia, onde a água muito transparente corre com mais tranqüilidade permitindo um grande e relaxante passeio ao grupo. Remamos um dia todinho dentro desse deslumbrante local e ao sair dele retornando ao Grande Amazonas. Ali nos deparamos com a Grande Pedra da Saia da Velha, que é uma enorme pedra que aparenta um vestido rodado de uma senhora. Segundo a crença local não se pode passar navegando por lá fazendo barulho, pois se a velha acorda ela afunda as embarcações que por ali estiverem passando. Por isso respeitamos a tradição e passamos em silêncio. Esta região é conhecida por ser um grande cemitério de barcos que já foram vitimas da fúria das águas do rio Amazonas.


GURUPÁ:
Dessa vez, já na ilha do Marajó, Gurupá é a primeira cidade do arquipélago da ilha. A pequena cidade que tem como seu padroeiro São Benedito é repleta de muitas fazendas voltadas para a pecuária de búfalos. A cidade também se caracteriza pela farta pesca do Dourado e do cultivo do Açaí. A cidade é muita hospitaleira e farta de belezas naturais, além de ser a cidade banhada pelo Amazonas, pois depois entramos no Furo de Breves e começamos a remar no período de seis horas de vazante e cinco de enchente.

BREVES:
Linda cidade situada na ilha do Marajó onde as riquezas naturais e a abundância da flora tornam a cidade ainda mais receptiva e calorosa. Saindo de Gurupá para chegar em Breves levamos dois dias de remada e dormimos em duas comunidades: de Menino Deus e Capinal.


CURRALINHO:
Cidade marajoara com características típicas da região com os lindos açaizais que ornamentam a floresta.


SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA:
“A Grande Veneza do Marajó”. Lá nossa equipe ficou impressionadíssima com a linda cidade, onde as ruas são extensos rios com sua população às margens. Lá quem não rema não sabe andar. A Dança do Carimbó é cultuada pelos habitantes dessa cidade como uma religião e “quem não sabe dançar também não é de lá”, dizem os caboclos da região.

PONTA NEGRA:
Foi a última cidade do Marajó por onde nossa equipe passou. Banhada pela grande e temida Bahia do Marajó, a cidade é totalmente feitas em palafitas. Lá tem a Capela da Nossa Senhora dos Navegantes, onde tivemos uma grande oferenda feita pelos alunos da rede escolar daquele local.


BARCARENA:
Última cidade que dormimos antes de chegarmos a Belém, marcada por ser um grande pólo industrial que abriga empresas como a Vale do Rio Doce entre outras grandes mineradoras.


Comunidades ribeirinhas visitadas: Santa Rita, Chicaia, Novo Horizonte, Botafogo, Menino Deus, Capinal, Jararaca, Espírito Santo, outras menores sem denominações próprias e que chamamos de pequenas Vilas.
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Fonte: Comunicação CBCa (imprensa@cbca.org.br)